terça-feira, 16 de outubro de 2007

Segredos da operação

Diário Catarinense ; Moacir Pereira ; 16/10/2007

A Polícia Federal anunciou a conclusão do inquérito policial sobre a Operação Moeda Verde, mas oficialmente nada divulgou sobre os indiciados e o resultado das investigações realizadas nestes últimos cinco meses. Não haverá, também, relatório ou entrevista da delegada Júlia Vergara, que se transformou na estrela da Moeda Verde nos dias seguintes às prisões provisórias dos suspeitos de prática de atos ilícitos relacionados com licenças ambientais.

Mesmo decorrido o prazo do juiz Zenildo Bodnar, a Justiça Federal não recebeu qualquer documento.

De acordo com a Policia, o inquérito será remetido hoje. São 19 volumes e mais 28 adendos com os principais documentos e dados extraídos das dezenas de depoimentos. Caberá agora ao juiz federal decidir se o processo continuará tramitando ou não em segredo de Justiça.

A expectativa nos meios jurídicos é de que, recebido o inquérito, o magistrado determine sua remessa a Procuradoria Regional da República.

Neste caso, o Ministério Público Federal decidirá se denuncia os que foram indiciados pela Polícia Federal, pedindo seu enquadramento em processo criminal.


Mudanças
A ação da Polícia Federal sofreu alterações profundas desde que a Operação Moeda Verde foi deflagrada, com as prisões provisórias no dia 5 de maio. Naquela ocasião, as prisões foram feitas com prévio comunicado à imprensa e a mais ampla divulgação de todos os detidos. A própria Delegada Júlia Vergara, que conduziu as operações, concedeu sucessivas entrevistas coletivas à imprensa, falando abertamente sobre os diferentes aspectos da operação e suas implicações na vida de Florianópolis. Criou-se na população uma procedente expectativa de que a conclusão do inquérito policial aconteceria com um amplo relato da Polícia Federal sobre as novas investigações, os documentos que comprometem criminalmente os envolvidos e o respectivo enquadramento na legislação penal. Não houve, igualmente, explicações oficiais para a mudança de rota. Houve alterações, sim, no comando da Polícia. A superintendente Mariam Ibrahim está fora do cargo há mais de uma semana. Vai trabalhar na embaixada do Brasil em Buenos Aires. Será sucedida pelo delegado Marco Aurélio Pereira Moura, que atua hoje em Brasília. O superintendente adjunto, delegado Paulo de Tarso, foi nomeado Coordenador Geral das Delegacias de Repressão a Entorpecentes e vai atuar na Capital Federal.

A Assessoria de Imprensa garantiu que estas alterações nada tem a ver com o silêncio da instituição em relação a conclusão do inquérito.

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