A decepção está no ar em Florianópolis; em 16 de outubro de 2007 ela é mais perceptível que a umidade da chuva que não para.
Nas rodas de conversa, nos terminais de ônibus, nas filas dos bancos e nos andaimes das obras o assunto é a decepção generalizada com o resultado das investigações da Operação Moeda Verde.
O jornal “A Notícia” apresenta a explicação técnica para o assunto :
O inquérito da Operação Moeda Verde corre em sigilo judicial para preservar informações da investigação e os direitos das pessoas, como as escutas telefônicas, documentos e informações bancárias dos suspeitos.
Essa condição vincula todos os participantes processuais, no caso, os servidores públicos (Polícia Federal, Justiça Federal e Ministério Público Federal), além de advogados interessados nos autos.
Esses servidores, de acordo com o Código de Processo Penal, estão sujeitos a penalidades legais se violarem o sigilo judicial.
Pouco importa para a população o aspecto técnico-jurídico do assunto, o direito à privacidade assegurado aos indiciados; no país da impunidade e da desinformação a percepção é que “os culpados” mais uma vez “tiraram o seu da reta”.
Em Florianópolis esta percepção é reforçada por inúmeros casos de crimes contra o patrimônio público, tráfico de influência, corrupção e mesmo registros de assassinatos cujos autores podem ser encontrados nos shoppings, supermercados, festas de escola e (porque não?) nos novos bordéis da avenida Mauro Ramos.
Pessoas cujos rostos apareceram associados a manchetes escandalosas na imprensa local estão “livres, leves e soltas” graças à “couraça social” que protege os membros da sociedade local, a morosidade do sistema judiciário e por uma destas leis não escritas que por vezes são mais poderosas que o Código Civil Brasileiro : crime do colarinho branco não dá cadeia.
A lista dos implicados nas investigações é de conhecimento público, nela encontram-se os nomes de grandes empresários e obscuros burocratas. A morosidade dos procedimentos legais é a garantia do prolongamento da impunidade para os culpados e um castigo adicional para os inocentes.
Até a ocasião em que o Ministério público iniciar os processos contra aqueles supostamente culpados, após o cumprimento dos ritos oficiais, alguns eventuais inocentes verão seus nomes comentados em rodas de conversa, respingados pela mesma lama reservada àqueles efetivamente corruptos.
Neste meio tempo, a cidade continuará sendo desfigurada pela ação de corruptos e corruptores, e nas rodas de conversa, nos terminais de ônibus, nas filas dos bancos e nos andaimes das obras a decepção permanecerá no ar.
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