sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Cidade encurralada

Diário Catarinense ; Nanda Gobbi ; 16/11/2007

Há mais de 30 anos, projetos idealizados para absorver a frota dos 454 mil veículos que circulam pelas vias da Grande Florianópolis se acumulam nas gavetas de repartições. Enquanto isso, a cidade enfrenta o esgotamento do sistema viário e explode em congestionamentos diários em pontos do Continente e da Ilha.

A região já possui a mais alta taxa de automóveis por habitantes:um carro a cada dois moradores. Na última década, o número de veículos dobrou na Capital e triplicou em Biguaçu, Palhoça e São José.

O volume de tráfego deve dobrar em Florianópolis nos próximos 14 anos, o que significa o comprometimento total da atual estrutura viária, se não houver medidas imediatas.

A situação não é mais novidade para quem vive na Ilha desde a década de 1970. Afinal, antes mesmo da construção da ponte Colombo Salles, quando a ponte Hercílio Luz ainda era utilizada pelo tráfego, o trânsito lento e as filas já eram uma situação corriqueira.

A falta de investimentos em novos projetos, as facilidades de compra de veículos e a ineficiência do transporte urbano coletivo são apontados pelos especialistas em sistemas viários com os responsáveis pelo caos decorrente do inchaço no número de veículos.

Antes mesmo do início da temporada, quando a situação fica ainda mais complicada, uma das avenidas mais movimentas da região Leste da Ilha, na Lagoa da Conceição, a Avenida Renderias - único caminho para as praias da Joaquina, Mole e Barra da Lagoa - já apresenta trânsito lento durante a noite nos finais de semana. Esse é apenas um exemplo dos muitos pontos de stress viário.

O presidente do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis (Ipuf), Ildo Rosa, destaca que a Capital apresenta o maior índice de motorização da América Latina, mas apenas 7% da área da Ilha é reservada para a construção de ruas e praças - 28% fica disponível para as áreas urbanas e 65% para as áreas de preservação.

- Os dados de veículos divulgados agregam apenas os números fornecidos pelo Detran e não incorporam a sazonalidade, que traz à Capital, no Verão, grande volume de veículos.

Garagens subterrâneas seriam uma opção de estacionamento

O diretor de operações do Ipuf, Carlos Eduardo Medeiros, chama a atenção para a falta de estacionamentos e da importância de investir em galerias subterrâneas. Para ele, a melhor solução para aliviar o fluxo do trânsito é investir em um trabalho de transporte coletivo forte.

- Não podemos mais continuar apostando no transporte individual. O sistema coletivo avançou, mas ainda não é uma alternativa. É preciso melhorar para ser mais utilizado.

Segundo o engenheiro Medeiros, a cada 10 anos os municípios são orientados a fazer uma pesquisa sobre o fluxo das pessoas que utilizam o transporte coletivo, para identificar os pontos de origem e os de destino. Em Florianópolis, a última pesquisa foi realizada em 1978.

- Nunca foi feito feito um estudo aprofundado sobre o fluxo das pessoas aqui na cidade. Só assim será possível dimensionar e reorientar as linhas de ônibus e resolver o problema viário da cidade - aposta.

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