A corrupção
A corrupção não tem causa nem objetivo. A corrupção é simples, sem adornos, não tem partes supérfluas – é uma coisa em si mesma, com sua própria configuração, seu próprio elã, razão de ser acima de qualquer compreensão. Está além de qualquer sentido social, ético ou lógico. Ou psico. A corrupção é.
A corrupção é cancerosa, elimina do corrupto ou corruptor a mais remota possibilidade de parar ou retroagir, digamos, pelo menos a partir dali. Pelo menos por cansaço.
A corrupção – um pouco como o poder em si mesmo – é explosiva e, ao mesmo tempo implosiva. Cresce, avança, ramifica-se, é metástase, envolve e irmana o corrupto e o corruptor, justifica-os, dá-lhes forças, novos estímulos, toda uma motivação de vida – até o fim, até o último dia da existência, até a morte.
A corrupção é, indubitavelmente, uma das muitas línguas pelas quais o demônio – um poliglota! – fala.
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